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NOVA FCT FABLAB

FCT Fablab e arte

João Carvalho

23-07-2018

FCT Fablab e arte

A gravura é uma forma de arte centenária que continua a desenvolver-se ainda nos dias de hoje muito com o suporte de técnicas centenárias tais como a ponta-seca, a água-forte ou os mezzotintos. Mas na verdade nos dias de hoje para produzir as suas imagens gravadas esta arte abraça, pela mão dos próprios gravadores, também as ferramentas tecnológicas recentes associadas, por exemplo, à fotografia, aos polímeros ou às técnicas de edição digital.

Cada artista trilha o seu próprio rumo. Uma das buscas pessoais dentro desta área é não só a aprendizagem das diversas e inúmeras técnicas de gravura como, em paralelo, aprender os ofícios de suporte à própria arte, tal como a produção do seu próprio papel (executado de forma artesanal).

A experiência pessoal de trabalho com a Biblioteca da FCTUNL iniciou-se em 2013 e continuou mais recentemente em 2017. Por outro lado nesses quatro anos a FCTUNL viu-se dotada de tecnologias inovadoras o que chamou de imediato a atenção para oportunidades de descobrir novas formas de gravar. Foi também com espírito aberto que a Biblioteca e o FabLab abriram as suas portas em 2017 a uma experiência arrojada desenhada pela mente de um artista: criar matrizes a partir das novas tecnologias disponíveis e imprimir as imagens resultantes recorrendo às mais antigas técnicas da gravura. Oprojeto concebido reuniria assim num único trabalho não só as tecnologias emergentes como toda a carga de experiência das ancestrais técnicas de gravura.

O ponto de partida utilizado foi uma pintura a óleo em tela de linho sobre uma tema natural: o venenoso mas comestível peixe-balão do Japão (fugu) enquanto retrato. Este tema, recorrente no meu trabalho, serviria de base de comparação das potencialidades e dificuldades a avaliar entre as diferentes técnicas.

Foi bastante fácil selecionar entre os equipamentos disponíveis no FabLab da FCTUNL o LaserCut e a Impressora 3D.

No primeiro equipamento (LaserCut) concebeu-se o trabalho a partir da gravação a laser em peças de madeira e, a partir de algumas matrizes produzidas deste modo, imprimir a imagem final a partir da técnica mokuhanga (xilogravura tradicional japonesa). Os resultados obtidos com recurso só a materiais e ferramentas japonesas (papel washi, pigmentos e baren entre outros) foram muito satisfatórios até porque no exemplo abaixo ilustrado só se imprimiu de 3 das 8 matrizes produzidas.

No segundo equipamento (impressora 3D) foi produzido, a partir da extrusão do fio do rolo de polímero, o corpo da matriz e em simultâneo a gravação da mesma, para desta vez se imprimir a imagem final a partir de prensas de gravura em oficina. Mais uma vez foram testados não só diferentes métodos de tintagem como também a resistência do polímero da matriz à elevadíssima pressão exercida pelas prensas. O resultado obtido é muito belo porque, numa harmonia inesperada, para além da expressão do artista imprime-se também a expressão dos processos algorítmicos da própria máquina (impressora 3D).